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Plantação de chá, "Roça do Louro", situada a 500 metros da actual Fábrica de Chá Porto Formoso. Plantação teve inicio em 1957 |
No passado do Porto Formoso, o cultivo do chá teve uma grande importância económica e social para São Miguel. As plantações cobriam enormes extensões de terreno de meia encosta, (...).
Na colheita manual da folha, participavam alegres ranchos de jovens, mulheres e rapazes, ao longo dos meses de verão, contribuindo com este trabalho, para a parca economia das suas famílias.
Expressões como "rapaz do chá", para definir adolescente sem especialização, ainda hoje utilizadas na Ribeira Grande, (...).
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Salão Nobre da Câmara Municipal da Ribeira Grande Painel de azulejos da autoria de Jorge Colaço, 1936 |
No fabrico caseiro de chá, que se manteve até aos nossos dias nas Capelas, Porto Formoso e Furnas, o chá era seco ao calor brando dos tradicionais fornos de lenha, logo após a cozedura do pão.(...) Embora seja difícil imaginar o chá como moeda de troca, as condições de vida de uma família rural, na época, eram difíceis e o trabalho agrícola era muitas vezes remunerado em géneros, entre os quais o chá (...).
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Plantação "Roça do Louro", Porto Formoso 1963 |
As vivências do chá fazem parte da cultura do nosso povo. São por isso, um aspecto importante da nossa identidade.
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Plantação "Chá do Feitor", Lomba da Maia 1958 |
A mulher da apanha do chá vestia de uma forma singular, colocando graciosamente o lenço por cima do chapéu de palha, resguardando os braços com "mitenes", feitos de meias velhas, quase sempre pretas.
Usava um grande avental de algodão xadrez com uma ampla algibeira ao lado. A saia era lisa terminando em três refegos bordados a ponto espinho, a blusa era branca como bordado "Inglês" e calçavam galochas de madeira bordadas à mão.
Fonte "Porto Formoso - Um chá no Oceano", autoria de José António Pacheco