28 de setembro de 2015

25 de setembro de 2015

Saudades do perfume

Rua José do Canto | Fátima Faria na porta e sua filha, Tânia Faria, na rua
Não tenho muita idade para descrever o que era a festa no meu tempo, pelo que ouço dos mais velhos, no tempo deles, é que era.
Mas posso escrever o que sentia na altura, com poucos anos de residente na zona do outeiro. A chegar perto da festa era um alvoroço, as mulheres preocupadas com as urtigas, pois o plantio do ano passado não foi bom e nos meses anteriores ouve mau tempo e estragou muitas das plantas. Os homens estavam a pensar qual era o molde da passadeira, queriam marcar a diferença. Lembro-me dos meus pais reunidos com os vizinhos a pensar numa maneira de dar a volta ao assunto, camélias, flores de papel e farel, foi a solução. Mulheres e homens, meteram logo as mãos à obra.
Papel e mais papel se comprou para fazer à mão as flores que depois com um arame davam a volta aos ramos das camélias, desenhos de moldes muitos se fez.
 Depois do molde planeado, as vizinhas se juntaram e vieram pintar na minha casa, foi uma verdadeira trabalheira, mas uma alegria que jamais poderei explicar.
Quando chegou o dia, nunca vi a minha rua (rua José do canto) tão única e empenhada como naquele dia. O tapete percorria quase toda a minha rua, as flores e os arranjos estavam a coisa mais linda e o cheiro?? Que saudades daquele perfume, que saudades. As pessoas que passavam,ficavam paradas, admiradas com tanta beleza, fotos e mais fotos tiravam e elogios eram muitos, minha rua foi a mais vistosa, tudo para ela, para a Nossa Senhora da Graça.
Hoje em dia, as coisas estão completamente diferente, cada um faz as suas plantas, o seu tapete, a união ficou pelas ruas perdida. Agora apenas resta-me a esperança de algum dia ver o que é uma lembrança de infância em uma realidade adulta.

21 de setembro de 2015